quinta-feira, 9 de agosto de 2018

O olhar, a arte e o amor


O olhar, a arte e o amor
Carlos Cartaxo
O mundo é pequeno. Essa assertiva, que ouço desde criança, me faz descobrir particularidades oriundas do mundo por onde circulo. Nesse circuito de aprendizagens foco o olhar para o universo da arte e a relação aproximada desta com o sentimento humano do amor. O princípio teórico se baseia na contextualização da arte na perspectiva multicultural de ser humano.
Uma sequência de fatos foram marcantes recentemente. Uma amiga, artista portuguesa, me perguntou: por que vocês idolatram tanto Lula? Mais na frente encontrei, em uma parede da histórica cidade de Coimbra, imagens de apoio a Lula e Dilma. A sensibilidade de uma poetisa amiga que postou a bela música “Haja o que houver” do Madredeus também alimentou minha alma tornando-a efervescente.  Ao mesmo tempo me chegou “Take on me”, do A-ha, fortalecendo minha visão amável sobre o próximo. Essa junção de acontecimentos alimentou um processo convergente de reflexão que homogeneizou o meu coração, o que é conotativo à mente. Esse redemoinho de sentimentos e moções alimenta a aprendizagem com a vida e me convence de que o mundo é pequeno. Apesar dessa visão diminuta, felizmente o ser humano é grande, embora, em alguns momentos, se faça pequeno.
O mundo é pequeno para o amor. É pequeno sim, o amor só cabe no coração. Não, ele cabe também na consciência. O amor cabe também... bom ele... escapa e pode ser identificado pelo olhar. O olhar do artista, o olhar da criança, o olhar da mulher, o olhar do... de todos os que vêm no sorriso o reflexo da alma. E o que fazer as pessoas que não conseguem construir esse circuito fantástico que nos abre a porta conotativa do universo e nos apresentando a felicidade?
Fui à rua em Lelystad, Holanda, com o intuito de descobrir coisas novas. Deparei-me com uma série de esculturas que compõe parte do cenário da cidade. Jovem cidade com apenas 51 anos e uma população em torno de 72 mil habitantes. Situada há, aproximadamente, seis metros abaixo do mar. A cidade faz parte da província de Flevolândia onde está a maior ilha artificial do mundo, ou seja, foi construída com tecnologia avançada da engenharia, aumentando significativamente a área da Holanda.

Escultura em Lelystad, fonte: internet
Fui à rua em Coimbra, Viseu, Porto e Lisboa, Portugal, cidades históricas seculares, onde também encontrei obras de arte por todos os lados que meu olhar alcançava. A arquitetura e a arte urbana foram meus focos. O cenário secular me levou ao encontro com minha própria história. Eu encontrei a mim mesmo, meu passado e a força do amor na minha biografia.

Escultura no Porto, fonte: Adufpb
É importante ressaltar que a arte humana não é neutra, se é que existe neutralidade no ser humano. Quero dizer que a arte urbana é politicamente explicita. Seu foco não é apenas a expressão artística, mas a expressão ideológica. Isso faz com que possamos compreender nosso papel social como seres políticos que somos. Essa compreensão alicerça em mim a concepção do teatro do oprimido de Augusto Boal, a humanidade e solidariedade de Bertolt Brecht, a concepção de leitura e aprendizagem de Paulo Freire, o amor e o poder em Willian Shakespeare.
Então, essas cidades do continente europeu têm algo em comum, é o amor pela arte. Em tempos de amor líquido, que pela ótica de Zygmunt Bauman, tão bem aborda sobre a fragilidade das relações humanos, especialmente, aqueles laços que chamamos de amor, foi exatamente nas ruas e obras de artes dessas cidades que pude fortalecer minha tese de que o amor existe e está na tríade humana situada entre o coração, o olhar e a mente. Quem não sabe fazer a conexão com essa tríade, está distante do que seja o amor. Para se aproximar e deixar o amor ser um sentimento rico dentro de si, com possibilidade de captar o verdadeiro amor que se aproxima, faz-se necessário exercitar a sensibilidade; e a arte é um conhecimento facilitador desse exercício. Então, quando estiveres a passear por uma rua exercite a sensibilidade e entre em harmonia com as expressões artísticas que por lá houver.
E o que é arte? Não procure enquadrar o conceito de arte em algo predeterminado. Tudo que lhe proporcionar sensações e emoções, você pode entender como sendo arte. Deixe que seu coração defina!

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